O segmento teve um bom desempenho durante a crise e deve entrar nos holofotes nos próximos meses com vacinação
As empresas de locação de veículos ainda aguardam a completa vacinação dos brasileiros contra a covid-19 para engatar uma recuperação, além da retomada do turismo no País e das viagens corporativas. Apesar do aumento recente na inflação e no preço da gasolina e diesel, analistas afirmam que o segmento está otimista para o segundo semestre.
Localiza Hertz (RENT3+1,34%), Movida (MOVI3) e Unidas (LCAM3) são as representantes do segmento na Bolsa. Desde julho de 2020 até hoje, as ações saltaram 47,9%, 34,8% e 57,4%, respectivamente. Além das três empresas, a Vamos (VAMO3), que trabalha com locação de caminhões, fez o IPO em janeiro deste ano e alcançou valorização de 100,16% até a última quinta-feira (8).
Apesar do crescimento expressivo no acumulado de 2021, as ações tiveram queda desde o primeiro pregão do ano (4 de janeiro) até o fechamento da última sessão. O preço dos papéis RENT3, a MOVI3 e a LCAM3 passaram de R$ 67,58, R$ 20,01, R$ 28,81; para R$ 65,38, R$ 20,61 e R$ 28,10, respectivamente.
A alta no preço dos carros novos, reflexo do fechamento de fábricas durante a pandemia e consequente diminuição na produção de materiais, também deve impulsionar ainda este ano os lucros das empresas que trabalham com a venda de veículos usados .
De acordo com Pedro Bruno, analista de transportes e bens de capital da XP, as empresas desse setor listadas na B3 tiveram grande destaque nos últimos anos por conta da maior acessibilidade de aluguel do público em geral. Ele aponta que, de 2014 a 2019, a tarifa média de locação chegou a diminuir mais de 20%.
A redução no valor fez com que a utilização de carros alugados durante a pandemia fosse uma possibilidade viável para substituir transportes públicos e serviços privados de transporte compartilhado. O analista salienta ainda que muitas montadoras precisaram fechar durante a pandemia, o que prejudicou a disponibilidade de carros novos no mercado e, consequentemente, aumentou os preços dos carros novos.
“Por outro lado, como as pessoas não queriam andar de transporte público ou carro compartilhado por conta da possível contaminação com o coronavírus, decidiram alugar carros para realizar uma determinada atividade ou comprar seminovos”, diz Bruno.
A concorrência, o repasse do aumento nos preços da gasolina e a perspectiva de aumento da inflação não devem prejudicar o setor.
Mudança de rota
O setor das locadoras é dividido em três categorias: aluguel de varejo, conhecido como RaC (em inglês, rent a car); gestão e terceirização de frota (GTF); e venda de seminovos. Os dois primeiros devem ter crescimento com o retorno de movimentação turística nos aeroportos e diminuição do trabalho remoto nas empresas. A terceira área de atuação também deve crescer enquanto o custo de carros novos estiver elevado.
A resiliência é o destaque para o analista da Ágora Investimentos Ricardo França. Para ele, o segmento teve um desempenho confiante durante a crise e deve entrar nos holofotes nos próximos meses. França ressalta que as três empresas estão com recomendação de compra na Ágora, assim como a holding Simpar (SIMH3), que além de ser controladora da Movida e da Vamos também trabalha no setor de logística.
“As locadoras acompanham a boa expectativa para a retomada da atividade econômica, especialmente com o retorno do movimento nos aeroportos. Entretanto, é preciso continuar acompanhando o possível atraso na entrega de novos carros e a possibilidade de diminuição das frotas”, afirma França.
Para a Genial Investimentos, outro ponto importante para alavancagem do setor no segundo semestre é a mudança de comportamento do consumidor. Enquanto muitos jovens sonhavam com o carro próprio há dez anos, novas opções de mobilidade urbana já são consideradas. A locação temporária de veículos é uma delas.
Além disso, a popularização dos aplicativos de carona contribuíram para impulsionar as locadoras e transformar o perfil dos possíveis compradores de carros. Muitos motoristas utilizam automóveis alugados, especialmente por conta de juros de financiamentos elevados, custos com manutenção e gastos com seguradoras.
No relatório setorial divulgado pela Genial, o salto na demanda também acontece por conta da maior eficiência que as empresas passaram a ter nos últimos anos.
Por Rebeca Soares
Fonte: e|investidor