Tais modelos também podem sofrer danos, mas de maneira diferente que os similares a combustão
Eis uma situação que representa risco para motoristas de diversas cidades brasileiras: de repente, cai uma forte tempestade, que causa alagamentos nas vias. O VRUM já fez um guia completo sobre esse assunto para condutores de veículos convencionais, a combustão. Mas, se o carro for elétrico, qual é a melhor maneira de proceder diante de uma enchente? Esses modelos são mais vulneráveis?
A resposta é simples: se for atingido por uma enchente, um carro elétrico sofrerá danos diferentes que um similar a combustão. Porém, ambos são vulneráveis. Wanderlei Marinho, membro do comitê de veículos elétricos e híbridos da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade do Brasil (SAE Brasil) explica que, em um automóvel com mecânica convencional, a maior ameaça em caso de alagamento é o chamado calço hidráulico, quando a água atinge a entrada de ar do motor e acaba sendo aspirada, causando sérios estragos.
Isso não acontece quando uma enchente atinge um carro elétrico, uma vez que não há ar sendo misturado ao combustível dentro do motor. Por outro lado, nesse tipo de veículo, a bateria fica em posição bastante baixa, sob o assoalho, bem na cota dos pneus. Marinho destaca que, apesar de esse componente ser selado, o projeto simplesmente não prevê situações de submersão.
“Os veículos são projetados para determinadas situações, e alagamentos não estão entre elas” – Por Wanderlei Marinho, membro do comitê de veículos elétricos e híbridos da SAE Brasil
Ademais, há toda a parte de propulsão, que inclui engrenagens e acoplamentos. “Em um alagamento, tudo isso pode ser afetado, contaminado pela água”, sintetiza o engenheiro da SAE Brasil. A boa notícia é que, apesar de estar sujeito a determinados danos caso seja atingido por uma enchente, um carro elétrico não daria choques nem pegaria fogo nesse tipo de situação, graças aos sofisticados sistemas de gerenciamento e proteção do sistema de propulsão.
E os carros híbridos?
Grosso modo, o carro híbrido é uma espécie de meio-termo entre o elétrico e o convencional, a combustão. Nele, existe tanto o sistema de propulsão elétrico quando o motor tradicional, a gasolina ou flex. Marinho pondera que, nesses modelos, a bateria é bem menor e, geralmente, fica posicionada em local um pouco mais elevado, atrás do banco do passageiro. Assim, tal componente e os demais integrantes do sistema elétrico de propulsão ficam menos expostos à água.
Por outro lado, os riscos de a água entrar pela tomada de ar do motor, provocando o calço hidráulico, são semelhantes aos dos modelos puramente a combustão. Em casos assim, a única solução é fazer uma retífica completa, serviço que não é barato. E vale lembrar que os danos podem não ficar restritos à mecânica: independentemente do tipo de propulsão, alagamentos causam graves estragos também ao interior do veículo, demandando a substituição de tapeçarias e até de peças eletroeletrônicas.
Como o motorista de um carro elétrico deve agir em uma enchente?
Independentemente do tipo de propulsão do veículo, o motorista deve simplesmente evitar locais alagados. Porém, se o condutor for envolvido pela enxurrada durante uma chuva, a regra é prosseguir apenas se o nível da água estiver atingindo, no máximo, a metade das rodas dos demais automóveis, que corresponde a cerca de 30cm.
Marinho, da SAE, alerta que, mesmo se o local alagado parecer raso, o motorista pode ser surpreendido por algum desnível ou obstáculo no pavimento. Portanto, o ideal é avaliar muito bem a situação e ter bom senso: não atravessar a enchente é sempre a opção mais segura, seja o carro elétrico, híbrido ou a combustão.