O presidente da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), Paulo Miguel Junior, afirmou, em entrevista ao Valor Econômico, que a produção nacional de automóveis nas unidades da Ford, cujas operações serão encerradas, vai fazer “bastante falta” para o setor de locação.
De acordo com o jornal, o presidente da entidade ressaltou que a saída da Ford é especialmente negativa neste momento, visto que locadoras de veículos registram reclamações de falta de abastecimento pela indústria automotiva.
Segundo dados da associação, os carros da Ford representavam 13,15% dos veículos da total das companhias do setor de locação em 2019. No ano, as empresas emplacaram 68.981 veículos da montadora norte-americana, o que equivale a 12,74% do total de emplacamentos do período.
Para o presidente da Abla, o impacto envolvendo peças de reposição não deve vir no curto prazo, embora haja uma preocupação em relação à desvalorização do veículo. “Quanto mais o carro desvaloriza, mais a locadora tem dificuldade de repor a frota”, afirmou Miguel Junior ao Valor Econômico.
Miguel Junior disse que a decisão de saída da Ford é reflexo do aumento persistente de impostos, com destaque para o fim do benefício de redução da alíquota do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para locadoras a partir de 2021.
Sem Ford no radar, Goldman continua a recomendar Localiza
Mesmo apesar dos impactos previstos para o setor de locação sem a presença da fabricante americana, o Goldman Sachs reiterou a recomendação de compra das ações da Localiza (RENT3).
“Observamos que os concorrentes da Localiza poderiam enfrentar o mesmo problema e, portanto, isso não mudaria necessariamente a vantagem competitiva da empresa”, diz o grupo financeiro em relatório.
Um dia após o anúncio do encerramento das operações da Ford no Brasil, as ações da Localiza fecharam em alta de 2,10% na B3.
por Arthur Guimarães
Fonte: SUNO NOTÍCIAS