Bandidos usam transmissores para decodificar chaves presenciais; saiba como identificar o crime
Um crime cibernético chamou atenção das autoridades de São Paulo em 2022. Criminosos conseguiram sequestrar o sinal das chaves presenciais de dois Jeep Compass enquanto os proprietários estavam no supermercado fazendo compras. Em poucos segundos, os carros desapareceram dos estacionamentos sem deixar rastros de arrombamento.
Este ‘ataque hacker’ já acontece nos Estados Unidos e na Europa há alguns anos, onde recebeu o nome ‘relay attack’. Em 2019, viralizou o vídeo de um BMW que foi roubado em frente à casa do proprietário na Inglaterra.
Os bandidos posicionaram uma antena próximo à porta da residência, onde normalmente ficam as chaves. Com um retransmissor, as portas abriram e o carro foi levado sem levantar qualquer suspeita. O vídeo abaixo, do jornal Daily Mail, mostra como a ação aconteceu.
De acordo com Rodrigo Boutti, diretor de operações da empresa de rastreadores SAT Company e especialista em segurança pública, os bandidos estão mais engenhosos por conta da implementação de novas tecnologias nos carros. Em modelos mais antigos, basta utilizar o dispositivo conhecido como ‘chapolin’ para inibir o fechamento das portas pelo alarme.
Como funciona a chave presencial?
“A chave com sistema ‘keyless’ é programada para enviar pulsos com o seu código via radiofrequência. Ela está o tempo todo transmitindo o seu sinal. Por isso, ao chegar próximo do veículo, ele destrava as portas automaticamente,” explica o especialista.
O funcionamento varia de acordo com a fabricante, já que algumas chaves emitem pulsos constantes de radiofrequência. Outras ficam em modo stand-by e só emitem sinais quando detectam movimento (no bolso do motorista, mochilas, etc). Segundo Boutti, o objetivo principal dos criminosos é ‘sequestrar’ e descriptografar o sinal da chave da vítima.
Como o crime acontece?
A ação criminosa requer a participação de duas pessoas. Um dos bandidos estará dentro do estabelecimento com uma mochila com um aparelho transmissor escondido, próximo a uma vítima já identificada. Este dispositivo com antenas vai emitir o sinal da chave para o smartphone de um comparsa.
“Após a conclusão da transmissão, o segundo criminoso sairá da loja em direção ao veículo da vítima. Um software fraudulento instalado no smartphone vai descriptografar o código da chave, permitindo a abertura das portas e o acionamento da ignição”, elabora Boutti. “Em alguns minutos, o carro é levado sem levantar maiores suspeitas”.
Como evitar a ação criminosa?
Como o furto é feito em lugares de passagem, como padarias e supermercados, as vítimas do golpe da chave clonada notam minutos depois que o veículo foi levado. Partindo disso, o especialista pontua algumas dicas que podem ajudar a evitar este tipo de ação.
1. Pare o carro em um estacionamento com seguro
De acordo com Rodrigo Boutti, a partir do momento em que o motorista estaciona seu veículo num estabelecimento com seguro, a responsabilidade passa a ser do local. “É imprescindível buscar um estacionamento que possa arcar com eventuais prejuízos em casos de roubos e furtos”, diz.
2. Preste atenção ao redor
A captação do sinal da chave depende do criminoso se aproximar bastante da vítima com uma mochila nas costas. Ao notar qualquer atividade suspeita em um estabelecimento comercial, fique atento ao redor ou entre em contato com a segurança.
3. Tenha um rastreador que envie notificações
Rastreadores modernos enviam mensagens automáticas no celular do proprietário toda vez que o veículo é ligado. Portanto, uma das formas para se prevenir do golpe da chave clonada é ter este dispositivo instalado no carro.
4. Em casos extremos, adquira uma ‘bolsa faraday’
Os motoristas mais desconfiados podem adquirir um acessório que se chama ‘bolsa faraday’ ou ‘capa bloqueadora’. Trata-se de uma bolsa feita com um material especial que inibe a penetração de qualquer sinal de rádio. Assim, com a chave guardada, o criminoso não poderá sequestrar o código da chave e enviá-lo ao comparsa. Os preços variam entre R$ 50 e R$ 150 na internet.