spot_img
InícioMercado“Nosso papel é liderar a eletrificação”, diz presidente da Stellantis

“Nosso papel é liderar a eletrificação”, diz presidente da Stellantis

Em entrevista exclusiva, Emanuele Cappellano faz balanço do mercado e da montadora quase um ano à frente do maior grupo automotivo da América do Sul

A tarefa de Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, não é fácil: desde o fim de 2023 ele lidera o conglomerado que envolve marcas como Fiat, Jeep, Peugeot, Ram e Citroën. A missão é igualmente árdua: manter a hegemonia do grupo na região.

E tudo vai bem até o momento. Entre janeiro a agosto, a Stellantis comercializou mais de 576 mil veículos, o que equivale a 23,1% de market share no acumulado do ano. No Brasil e na Argentina essa fatia chega a 30%.

Tem mais: Cappellano encabeça a transição do mercado para a eletrificação total. Em entrevista exclusiva à editora-chefe da AB, Giovanna Riato, durante o Automotive Business Experience – #ABX24, o executivo italiano diz que todo o processo é um privilégio. E um desafio.

“É uma honra liderar o mercado, mas também uma grande responsabilidade. Hoje o mercado está atravessando um momento de transição, que a cada dia mais requer a eletrificação dos carros e também elementos de segurança. Como líderes, também é o nosso papel liderar essa mudança tentando trazer as melhores soluções para o país e para a América do Sul”, afirma.

E como é ter diferentes fabricantes e posicionamentos no mercado? Cappellano define que “cada marca atende consumidores com exigências diferentes” e também aponta para um benefício de ter um portfólio robusto.

“Alavancar nossa estrutura industrial e de distribuição tentando criar as melhores sinergias, inclusive a nossa engenharia que trabalha para todas as marcas e produtos (atuais e novos) que vamos ter na região”, completa. Com três fábricas no Brasil – Betim (MG)Porto Real (RJ) e Goiana (PE), a Stellantis tem um aproveitamento de capacidade produtiva acima dos 80%.

Híbridos darão pontapé inicial na eletrificação da Stellantis

O conglomerado vai investir R$ 30 bilhões no Brasil até 2030, lançar 40 produtos (entre modelos inéditos e reestilizações), além de três tecnologias híbridas: leve, pleno e plug-in. O plano também abrange a produção de um carro elétrico a longo prazo. Cappellano não tenta prever o futuro e qual tecnologia vai sair na frente.

“A aposta da Stellantis é de manter a maior flexibilidade possível. Esse novo ciclo de investimento que vai de 2025 a 2030 prevê vários níveis de tecnologia e a possibilidade de instalar, na mesma plataforma, um híbrido-leve até chegar, por exemplo, ao elétrico. Isso nos deixa a possibilidade de introduzir diferentes níveis de tecnologia aos poucos, acompanhando a demanda”, explica o executivo.

Ainda em 2024 a Fiat vai dar o pontapé inicial com o lançamento de carros Bio-Hybrid no país. 

Questionado se a Stellantis demorou para entrar de fato no processo de eletrificação no Brasil e abriu muito espaço para a concorrência maciça, principalmente das chinesas como a BYD, o presidente da fabricante rebate ao dizer que o grupo trabalha nos processos de evolução tecnológica “há muito tempo”. 

O grupo faz parte da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que pressionou o Governo Federal para o retorno do imposto para carros híbridos e elétricos importados, extinto em 2016 e que retornará à alíquota cheia de 35% em meados de 2026. A Anfavea até pede a antecipação da alíquota integral para o quanto antes, mas até agora foi atendida. O executivo da Stellantis, claro, faz coro.

“É bem-vinda a introdução de novas montadoras, novos produtos no mercado. Uma coisa fundamental é que qualquer tipo de competição que haja no mercado seja uma competição igual, haja paridade de condições e sem nenhuma distorção de mercado”, aponta o presidente da Stellantis em um recado claro para as montadoras chinesas que conquistaram bastante espaço no Brasil em 2024.

Atualmente apenas a Toyota produz veículos eletrificados no país, caso dos híbridos Corolla e Corolla Cross. E a projeção da Anfavea é que, até 2030, 65% das vendas de veículos novos no Brasil tenham algum nível de eletrificação.

Ao mesmo tempo, a Stellantis vai introduzir a Leapmotor no Brasil, marca chinesa de carros elétricos que pode ter produção local futuramente.

Presidente da Stellantis preocupado com exportações

Com a forte presença de outras marcas no Brasil e também em outros mercados da América do Sul, além de crises externas, as exportações de veículos seguem com desempenho negativo no acumulado do ano. De janeiro a agosto foram exportadas 241,6 mil unidades, ante 295,4 mil veículos no mesmo período de 2023, recuo de 17,9%.

“Temos um nível de competitividade que nem sempre é alinhado. Paradoxalmente em alguns países do Mercosul é mais econômico importar um carro da China, da Ásia ou da Europa do que do Brasil. Isso cria algumas distorções de mercado e coloca uma pressão nas exportações”, aponta Cappellano.

“Em geral, para o Brasil, quanto mais a indústria e o governo conseguem impulsionar esse movimento de exportação, mais isso estimula a ocupação produtiva de nossas fábricas e também os empregos”, completa.

DPaschoal é estratégica para montadora

Em janeiro deste ano, já sob o comando de Cappellano, a Stellantis deu um passo além: adquiriu 70% da rede DPaschoal, maior empresa do país no segmento de peças de reposição. O presidente do grupo diz que o movimento de aquisição da rede, que fatura mais de R$ 2,6 bilhões por ano, é mais do que apenas um negócio.

“Poder ficar mais próximo e ter mais controle da distribuição de peças e autopeças nas nossas redes é algo que dá uma oportunidade grande de crescimento”, finaliza.

A DPaschoal passa ser o canal da Stellantis no aftermarket, enquanto a Mopar segue como a marca de peças originais para concessionárias.

spot_img

Notícias mais lidas