Após fechar Campo Largo (PR), fabricante vai concentrar de vez toda produção nacional de motores em Betim (MG)
O plano bilionário de investimentos da Stellantis no Brasil reservou R$ 454 milhões para modernizar a fábrica de motores de Betim (MG). Por um lado, a capacidade produtiva na unidade mineira vai aumentar. Por outro, significará o fechamento da planta de motores de Porto Real (RJ), que por anos serviu aos carros de Citroën e Peugeot.
A fábrica de motores da antiga PSA produz atualmente o veterano motor 1.6 EC5 aspirado flex, que equipa as versões de topo do Citroën C3, uma configuração intermediária do Peugeot 208 e os SUVs Citroën C4 Cactus e Peugeot 2008, além de uma versão do C3 Aircross voltada à exportação.
Entretanto, a Stellantis vem dando várias mostras de que está perto de tirar esse motor de linha, substituindo-o justamente pelo propulsor 1.0 GSE turbo flex de Betim, em variantes apenas a combustão ou micro-híbrida (MHEV).
O Peugeot 208, por exemplo, já ganhou versões Turbo 200 na linha 2024 e deve abandonar a única opção 1.6 restante na gama no facelift previsto para o segundo semestre deste ano. O C3 também deve adotar versões Turbo 200 no lugar das 1.6 aspirados ainda este ano. Já o 2008 e o C4 Cactus sairão de linha em breve. O primeiro ganhará uma nova geração na Argentina, também com motor 1.0 GSE turbo flex. O segundo será aposentado de vez.
Isso explica por que a Stellantis está investindo no aumento da capacidade produtiva da fábrica de motores de Betim, que produz tanto os propulsores 1.0 e 1.3 GSE turbo quanto os que 1.0 é 1.3 Firefly aspirados.
A planta também passará a montar as três variantes híbridas dos motores GSE turbo, começando pelas opções Bio-Hybrid (micro-híbrida ou MHEV, a ser aplicada nos Fiat Pulse e Fastback) e Bio-Hybrid e-DCT (híbrida plena, que estará nos Jeep Compass e Commander).
Assim, a capacidade da planta localizada no complexo mineiro vai subir de 800 mil para 1 milhão de motores por ano, aproveitando um maquinário importado da Polônia, onde a Stellantis está fechando outra fábrica que produzia a mesma família GSE, incluindo sua variante micro-híbrida.
Diante de tudo isso, a produção do 1.6 EC5 em Porto Real deve ser gradativamente reduzida. Esse motor não cumpre as normas de emissão do Proconve L8, que entra em vigor no ano que vem. Assim, deixará o mercado brasileiro até o fim de 2024. Tal qual a própria Stellantis fez com o motor 1.8 E.torQ, que era produzido em Campo Largo (PR), o EC5 pode ser mantido em linha por mais alguns meses para atender a mercados de exportação, antes de as operações serem definitivamente encerradas.
E, assim como aconteceu com a fábrica de Campo Largo, a de Porto Real também deve encerrar definitivamente as atividades quando isso acontecer. Vale lembrar que o complexo fluminense seguirá operando na produção veicular, com a montagem dos Citroën C3, Aircross e Basalt.