Fabricante pretende anunciar projeto voltado a caminhões ainda este ano e iniciar testes em 2025
A GWM vai fazer testes para tentar implantar a tecnologia de veículos elétricos movidos a célula de combustível com hidrogênio gerado a partir do etanol no Brasil.
Para isso, a companhia usará a FTXT, seu braço voltado ao desenvolvimento da tecnologia da célula de hidrogênio. O foco inicial será em caminhões leves urbanos ou pesados para uso rodoviário. Os estudos de viabilidade econômica já começaram e o objetivo é iniciar os testes com protótipos em 2025.
“Nos próximos meses levaremos alguns veículos para exibição Brasil. No último trimestre, deveremos fazer o anúncio oficial e, no ano que vem, começar a testar com protótipos”, declarou à reportagem Bea Xiao, gerente de Planejamento de Produto e Negócios Internacionais da FTXT.
Na visita à China para o Salão do Automóvel de Pequim 2024, executivos brasileiros da GWM se reuniram com membros da matriz da FTXT para discutir detalhes do processo de desenvolvimento.
Bea Xiao nos mostrou o protótipo de um caminhão de 49 toneladas (11 toneladas de peso e 38 de capacidade de reboque) equipado com a tecnologia. Ele possui oito tanques capazes de armazenar 40 kg de hidrogênio líquido no total (5 kg cada), gerando uma autonomia média de 500 km, ideal para transportes de longa distância. O motor elétrico gera 150 cv de potência e a velocidade máxima é de 89 km/h.
Segundo a FTXT, há cerca de 400 caminhões movidos a célula de combustível com hidrogênio da companhia rodando na China em caráter experimental atualmente.
Como funciona uma célula de combustível
Como explicamos neste outro artigo, o veículo movido a célula de combustível, popular FCEV, é uma alternativa aos elétricos com bancos de bateria (BEV). O motor que propulsiona o veículo é elétrico da mesma forma, com a diferença de gerar eletricidade a partir de uma célula de combustível alimentada com hidrogênio líquido de alta pressão.
A célula promove a catálise do hidrogênio com o oxigênio atmosférico, gerando eletricidade para o motor e água pura como elemento a ser expelido pelo escapamento. Em teoria, é uma arquitetura motriz mais limpa que a dos elétricos convencionais, pois dispensa o nocivo método de extração de matérias-primas e confecção das baterias, além de poupar o próprio automóvel de ter que carregar os muitos quilos de peso dessas baterias ao longo de toda sua vida útil.
Para se gerar hidrogênio, há várias formas. Uma delas é o etanol, por meio de um reformador que separa as moléculas de H2 da substância. Após essa extração, basta promover a catálise na célula de combustível e gerar a eletricidade que alimentará o motor elétrico do FCEV. É esse processo que a GWM tentará desenvolver no Brasil, trocando os enormes tanques de hidrogênio por outros menores, de etanol.