Transporte público subdimensionado é uma das razões apontadas pela fabricante
A ideia parecia boa, no caso pagar uma quantia mensal para dirigir qualquer modelo da marca no momento em que desejar, porém fabricantes como a Mercedes-Benz e a Cadillac decidiram encerrar seus programas de assinatura de veículos nos EUA. Segundo as duas empresas, a procura por esse tipo de serviço mostrou-se bem aquém do esperado.
Primeiro foi o “Book by Cadillac” que deixou de ser oferecido. Agora, no começo deste mês, o “Mercedes-Benz Collection”, que foi lançado como um programa piloto há cerca de dois anos, também deixará de ser oferecido. No caso da montadora alemã, moradores das regiões de Filadélfia e Nashville, nos EUA, podiam optar por vários modelos da marca pagando pouco mais de US$ 1.000 por mês. O serviço, equivalente a pouco mais de R$ 5.300, já incluía todas as despesas envolvendo o carro, como licenciamento, seguro, entre outros.
Quando o serviço foi ampliado para a cidade de Atlanta, a Mercedes-Benz incluiu alguns modelos da linha esportiva AMG, mas mesmo assim o interesse do público pelo sistema não evoluiu como previsto. Ao menos, explicou Adam Chamberlain, executivo da fabricante em entrevista ao Automotive News, os interessados no serviço tinham uma faixa etária em torno de 10 anos a menos do que os compradores de Mercedes-Benz nos EUA, que hoje têm em média 55 anos.
Aqui no Brasil, por sua vez, quem dedica especial atenção em um programa próprio de mobilidade é a Toyota.
Por meio de uma plataforma lançada no país como Toyota Mobility Services, que recentemente passou a adotar o nome KINTO Share, a empresa permite a locação por horas, dias, semanas ou até 30 dias corridos de modelos das marcas Toyota e Lexus.
De acordo com a Toyota, desde sua estreia como Toyota Mobility Services, em setembro de 2019, foram realizados mais de 65 mil downloads do aplicativo. A ferramenta conta com 18 mil usuários registrados, cerca de 1.000 carros alugados e atualmente opera por meio de 33 concessionárias participantes nos principais centros econômicos do Brasil.
Segundo explicou ao Autoo Roger Armellini, diretor de mobilidade da Toyota e diretor comercial da KINTO, em nosso mercado “o período médio de cada locação gira em torno de 4 diárias. Os veículos com mais demanda são o Etios Sedã, o Yaris Hatchback e o Corolla Híbrido Flex”.
Hoje em dia, para alugar por uma hora um Etios X 1.5 automático é necessário gastar R$ 18 por hora ou R$ 116 por dia, o que faz dele o veículo mais acessível dentro do programa. O aluguel mensal desse modelo custa R$ 1.880. No caso de um SUV mais versátil e bom para viagens, como o Toyota SW4 com motorização diesel, o valor da locação por hora é de R$ 79 ou R$ 577 por dia.
“O serviço de compartilhamento de veículos tem atraído os mais diferentes públicos, desde aquele cliente com alguma necessidade pontual, como se deslocar para um compromisso ou que necessite fazer uma viagem com um veículo mais robusto, até aqueles que têm interesse em adquirir um veículo da marca e querem conhecer mais o carro, além do tradicional test-drive oferecido pelas concessionárias. Isso ocorreu principalmente com o novo Corolla, lançado em setembro do ano passado. O que temos percebido também é a utilização do serviço por uma parcela mais jovem da sociedade, que já está acostumada com o conceito pay per use”, explica Armellini.
De acordo com o executivo, a ideia é expandir o serviço adicionando mais concessionárias participantes bem como ampliando a frota de 200 carros que integram a plataforma rebatizada como KINTO Share.
“Acreditamos que as soluções de mobilidade vieram para ficar e que cada mercado tem sua particularidade. A chegada da KINTO Brasil é parte da estratégia global da Toyota de se tornar uma provedora de mobilidade, oferecendo serviços de transporte para as pessoas em todo o mundo. Nós vemos grandes oportunidades no Brasil para diversos serviços de mobilidade. Um sistema de transporte público subdimensionado, combinado com uma parcela grande da população altamente conectada, cria um campo muito fértil para novas alternativas de transporte”, pondera o executivo.
Fonte: Autoo